Para cuidar bem

Perda auditiva e seus comparsas

O meu familiar idoso está começando a ter dificuldade para ouvir o que falo e pede para repetir várias vezes. Isso está me deixando preocupada com a possibilidade dessa perda auditiva poder desencadear outros problemas de saúde. Isso é possível?

A perda auditiva como uma doença crônica gera diretamente perda da percepção da fala que impacta na interação social e na qualidade de vida do idoso. Só isso já gera transtornos suficientes para abalar a tranquilidade de qualquer um de nós. Mas, infelizmente, não é só isso. Vários estudos dos últimos dez anos têm mostrado que a perda auditiva acelera, agrava ou progride outras doenças ou condições que, a princípio, nada tem a ver com o ouvido.

Vejam algumas morbidades que tem associação com perda auditiva:

  1. SOLIDÃO E ISOLAMENTO: pesquisas internacionais realizadas com idosos com perda auditiva concluíram através de questionários que os participantes se sentiam mais sozinhos e isolados após o aparecimento da perda auditiva. Os pesquisadores justificam que a falta de estimulação auditiva diária e o excesso de esforço para entender uma conversa desestimulam o paciente a participar de atividades sociais tornando-os menos ativos.
  2. DEPRESSÃO: não existe um consenso entre os estudos que verificaram possível correlação entre perda auditiva e depressão na população idosa. Alguns defendem que, na medida em que a perda auditiva aumenta, os sintomas depressivos proporcionalmente se agravavam. Outros não verificaram a correlação, pois o agravamento da depressão também acontece nos idosos com audição normal. A conclusão que temos é de que, apesar do impacto não ser direto, a falta de audição pode ser fator de risco para aparecimento ou agravamento da depressão.
  3. RISCO DE QUEDA: um estudo em idosos com perda auditiva e sem outros comprometimentos cardíacos ou de equilíbrio aponta para um número preocupante; a cada 10dB (decibéis) que a perda auditiva piorou nestes pacientes, o número de quedas por ano aumentou 1,4 vezes. Ou seja, a perda auditiva piora a percepção espacial do ambiente que aumenta os riscos de quedas mesmo para aqueles que não possuem outros fatores de riscos associados. Lembrando que as quedas nesta faixa etária podem comprometer gravemente a locomoção ou até levar a óbito.
  4. DIABETES: dois importantes estudos já comprovaram a probabilidade de surgimento ou agravamento da perda auditiva em pacientes com diabetes, devido ao excesso de glicose no sangue que pode intoxicar as células e nervos auditivos. A incidência de perda auditiva dobra nos pacientes com a doença, mesmo controlada e sem outros fatores associados.
  5. DOENÇAS COGNITIVAS E DEMÊNCIA: infelizmente, as notícias não são boas; pesquisas apontam para um agravamento de até 24% na doença de Alzheimer naqueles pacientes que tem perda auditiva e não trataram. Esta piora não aconteceu para aqueles que não tem perda ou utilizaram aparelhos auditivos.
  6. MORTALIDADE: estudo com indivíduos com perda auditiva apresentaram maior risco de morte por doença cardiovascular do que aqueles sem perda de audição.

Depois de tudo isso, fica difícil dizer que a perda auditiva não causa problemas para a vida da gente. Mas, o cenário pode ser bem diferente se tomarmos uma atitude rapidamente na medida em que o uso do aparelho auditivo não só corrige a perda auditiva como permite estimulação dos neurônios auditivos do cérebro, aumenta irrigação sanguínea no ouvido, exige maior trabalho do nosso sistema de atenção e memória, nos mantém alerta durante a locomoção e possibilita continuarmos nos relacionando com as pessoas que amamos! Ufa, que bom que existem os aparelhos auditivos!

1 Comentário. Deixe novo

  • É importante não naturalizar a perda auditiva, achando que é normal e do avanço da idade.Os familiares devem estar alertas e estimular o tratamento e o uso de aparlhos auditivos.

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