Para se sentir bem

Cuidador familiar, será que eu sou um deles?

Muitas pessoas são cuidadoras e nem se dão conta! Mas, afinal o que é ser um cuidador familiar?

Cuidar de alguém da família é se preocupar com suas necessidades, zelar no dia a dia pela sua segurança, saúde e bem-estar. É ter interesse e comprometimento com o seu viver, dando ajuda e apoio. Então, se você se preocupa com o viver de seu familiar idoso, você é um cuidador familiar! Não é preciso morar na mesma casa, no mesmo estado ou no mesmo país. E tão pouco é preciso ajudar pondo “a mão na massa”. Gerenciar o cuidado feito por outras pessoas (cuidadores profissionais e acompanhantes) ou instituições (no caso de residenciais, clínicas geriátricas, centros-dia) faz parte do papel do cuidador familiar.

A velhice é uma fase da vida em que as dificuldades motoras, cognitivas, sensoriais e emocionais se tornam mais presentes e podem comprometem o viver de forma independente. Mas, há muitas velhices: diferentes necessidades, desejos e interesses. É sempre bom lembrar que cuidamos de pessoas e não de doenças, de limitações e de incapacidades.

Idosos podem precisar de ajuda de seus familiares em várias e diferentes atividades do cotidiano. Essa ajuda pode as vezes ser oferecida a distância, como por exemplo pagar uma conta, contratar um serviço ou, pode demandar uma supervisão contínua.

São muitas as “ajudas” que um familiar idoso pode precisar:

  • em atividades de autocuidado (banho, vestir-se, alimentar-se, tomar remédio na hora certa, usar o toalete);
  • tarefas domésticas (preparar refeições, limpeza da casa, lavar , passar etc);
  • ajudar na mobilidade (sair da cama, levantar e sentar, andar em casa e na rua);
  • levar para atividades fora de casa de socialização e de atividade física e mental (caminhar, fazer atividades);
  • cuidar da saúde (consultas, exames, arranjar e monitorar profissionais da saúde, cuidadores formais);
  • se preocupar em proporcionar atividades significativas (ocupação do tempo);
  • dar orientação, informação, ajudar com tecnologia, com finanças, com questões jurídicas, na tomada de decisão;
  • ajudar a pensar sobre cuidados de longa duração (transição de cuidados por exemplo do hospital para casa) e cuidados de fim de vida

De repente me vi cuidador ou cuidadora, e agora?

Ao longo da vida, cuidamos e somos cuidados o tempo todo. É na convivência que aprendemos a cuidar uns dos outros. Cada família tem, ao seu modo, um jeito de dar e receber ajuda. Nenhum é mais certo do que o outro.

Mas, cuidar do outro pode ser difícil, desgastante e oneroso. Nem sempre se está preparado. A necessidade de cuidados pode vir de repente por um adoecimento repentino ou resultado de uma internação, de um derrame (acidente vascular cerebral) ou de uma fratura de quadril por queda. Mas, pode também acontecer quando há um processo de fragilização lenta e progressiva, como no caso da demência de Alzheimer, da doença de Parkinson ou em idades muito avançadas.

Muitas pessoas vivem de forma saudável e ativa até idades avançadas. Outras, vão envelhecendo com várias doenças e com incapacidades e limitações, que resultam em dificuldades e restrições, com necessidade de ajuda crescente.

Qualquer que seja o caso, cuidar demanda tempo, energia, organização, recursos e conhecimento. Quando cuidar do outro não estava no “script” da vida naquele momento e nos sentimos responsáveis pelo cuidar, isso pode gerar sentimentos muito ambivalentes, tais como como senso de dever, raiva, culpa, gratidão, compaixão, amor, ternura.

Quando há pouca divisão de tarefas entre as pessoas envolvidas, quando o cuidado tem uma perspectiva de longa duração e quando o cuidador tem várias demandas competitivas como trabalhar, cuidar da casa ou das casas e de filhos há uma tendência de desgaste físico e mental com o passar do tempo. Isso é comum com filhas, noras e sobrinhas que são cuidadoras “tipo sanduíche”: cuidam de filhos pequenos ou adolescentes e pais idosos. Conciliar várias atividades ao longo do dia faz parte do cotidiano das mulheres que assumem o cuidar.

O cuidar fica mais leve quando há afeto e amor. Essa relação afetiva pode ter sido construída no passado ou pode ser fruto de uma necessidade de aproximação no presente. Podem existir ganhos afetivos para os dois lados. Mas, é preciso querer e se dar a oportunidade.

Marta Pessoa no seu livro “ É tempo de cuidar. Eles envelheceram. E Agora?” fala sobre o espanto dos filhos em se deparar com as limitações dos pais na velhice e sugere uma reflexão com tomada de consciência: [o cuidar… “E só poderá se transformar em afetuosa compreensão quando um amor e respeito tecidos no passado nos põe no rumo da paciência amorosa e cuidadoso respeito”.

Mas, acredite você não está sozinho. Ser um cuidador familiar é hoje um desafio para mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Estamos vivendo cada vez mais. Hoje não é raro passar dos 80 anos. Portanto, ajudar pessoas idosas será um fato cada vez mais presente nas famílias!

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